Áudio no e-Learning: mocinho ou vilão?
Muitas empresas nos procuram para o desenvolvimento de e-Learnings com a utilização de recursos de áudio, acreditando que estão utilizando os critérios corretos para a efetividade do treinamento. O uso desta mídia em soluções educacionais pode, no entanto, ser o mocinho ou o vilão da aprendizagem.
Sabemos que o ser humano dispõe de cinco sentidos para enriquecer quaisquer de suas experiências: visão, audição, tato, olfato e paladar. E cada um desses sentidos pode funcionar muito bem sozinho, dependendo do tipo de experiência que se pretende.
No e-Learning isso não é diferente. É totalmente possível aprender apenas lendo um livro ou a tela de um computador. Outra maneira de aprender é ouvindo Podcasts, por exemplo. Mas ainda é possível potencializar o aprendizado combinando sentidos.
A ciência comprovou que, a partir da 27ª semana de gravidez, um feto já pode ouvir os primeiros sons. Então, a audição já é trabalhada desde antes do nascimento, tornando-se uma das maiores fontes de aprendizagem humana. Mas o que isso tem a ver com e-learning? A resposta é: tudo.
A combinação de elementos audiovisuais em um e-Learning diminui a sobrecarga cognitiva e otimiza o processo de aprendizagem, teoria comprovada pelo Princípio da Modalidade, que afirma que a utilização de palavras em formato de áudio, acompanhando imagens em uma tela, possibilita ganhos substanciais de aprendizagem. Isso acontece porque a recepção das informações se divide entre dois canais – a audição e a visão –, impedindo que palavras e imagens disputem a atenção do mesmo canal.
Há que se ressaltar que a nossa capacidade de aprendizagem é limitada, pois só processamos parte da informação que chega a um canal. Isso quer dizer que, ao expor textos e imagens em uma tela, apenas parte dessas informações será absorvida pela visão; em contrapartida, ao expor textos ou imagens complementadas por áudio, um percentual maior da informação será captado.
Mas não é por isso que devemos sobrecarregar o e-Learning de informações audiovisuais. É preciso definir critérios para a escolha correta desses recursos, como: que tipo de áudio será utilizado, em que momentos, que tipo de informação deve combinar ambos os recursos, onde é melhor ter apenas imagens e textos etc.
A ausência desses critérios de escolha tem se revelado um dos maiores equívocos na EaD, pois é comum vermos uma tela com texto seguido de uma imagem de referência e de um áudio dizendo a mesma coisa.
Esta prática se torna ainda pior quando o áudio quer dizer o mesmo que o texto escrito, mas com palavras diferentes. Nesse caso, o aluno deve seguir o quê? O texto, o áudio ou a imagem? Confuso, não é mesmo? É tanta informação que o receptor não conseguirá processar nenhuma delas de forma satisfatória, tornando seu aprendizado menos eficiente.
É necessário sempre ter em mente que áudio, texto e imagem devem ser complementares, e não dizer a mesma coisa.
Outro ponto de atenção quando se fala em áudio no e-Learning é a quantidade de áudio a que o aluno será submetido.
Um treinamento 100% narrado pode não ser a melhor escolha. É necessário buscar um meio termo entre elementos de áudio e visuais para que a capacitação não se torne cansativa em vez de atrativa, dando a opção ao aluno de interromper a locução a qualquer instante. Portanto, deve-se relacionar texto escrito, imagens, narração/locução, trilha sonora e efeitos sonoros em momentos apropriados, de modo a dar leveza ao treinamento, levando em consideração o público-alvo e a densidade do conteúdo.
Apresentamos abaixo, as principais formas de utilização do áudio em e-Learning:
Podcasts
Alguma vez sua empresa utilizou o Podcast para treinar colaboradores? Você sabia que esta é uma das soluções de e-Learning mais convenientes que você pode oferecer à sua Força de Vendas?
O termo “podcasting” é a fusão das palavras iPod e broadcasting. Muito utilizada para entretenimento, esta tecnologia web é uma das grandes tendências no mundo dos treinamentos a distância, podendo ser utilizada em capacitações específicas para Força de Vendas justamente por sua facilidade de acesso, uma vez que pode ser criado um ambiente inovador ao aluno, propondo uma imersão por meio do diálogo entre os participantes, atrelado a trilhas e efeitos sonoros. Ainda é possível criar histórias de casos reais do dia a dia do colaborador, aproximando ainda mais da realidade.
Não é à toa que o podcast vendo sendo adotado como ferramenta de ensino em muitas universidades renomadas, como a Universidade de Stanford, a Universidade de Michigan e também a Universidade de Chicago.
https://soundcloud.com/soueducacao/soucast-002-saude
Locução
Em 2014, tivemos a oportunidade de criar um e-Learning com o tema Diversidade para o Hospital Sírio-Libanês, abordando as melhores condutas para lidar com pessoas idosas e portadores de deficiência.
O grande diferencial desse treinamento foi sua versão acessível, possibilitando que pessoas com deficiência visual acessassem um conteúdo totalmente pautado em experiências sonoras.
Esse e-Learning foi desenhado para viabilizar a imersão do público-alvo, por meio de locuções, trilhas sonoras personalizadas e efeitos sonoros. Após sua implementação, foram realizados alguns testes de aceitação com deficientes visuais e o feedback foi muito positivo.
Trilhas Sonoras
As trilhas sonoras também devem ser utilizadas com muito cuidado. É importante salientar que este recurso serve para incentivar o aluno e guiá-lo na imersão do conteúdo. Portanto, o uso das trilhas sonoras deve ser pontual, apenas em momentos necessários, sempre se atentando a intensidade do volume para não ocorrer ruídos de informação quando a mensagem é passada.
Um e-Learning desenvolvido pela SOU para a Kimberly-Clark sobre Contratos conta um pouco dessa história, onde criarmos um ambiente imerso de um Talk Show para explicar conceitos e princípios do tema de Contratos. O e-Learning contava com uma “banda ao vivo”, perguntas e respostas e um apresentador que guiava o colaborador em sua jornada de aprendizagem.
Efeitos Sonoros
Os efeitos sonoros também devem ser cautelosamente aplicados. Como o próprio nome diz, eles devem ser utilizados de maneira pontual, em momentos que que necessitam de uma maior atenção a algum detalhe importante, guiando o aluno na aprendizagem.
É muito comum a utilização de efeitos sonoros em feedbacks, mas o uso deste recurso vai além disso. Como exemplo, podemos citar o caso dos Storytellings, em que esta ferramenta cria estímulos sensoriais para apoiar uma história. Isso faz com que o aluno se engaje com o conteúdo e queira ir até o final.
Um exemplo bem-sucedido é o curso Desafio de Vendas, desenvolvido para a CVC Viagens e Turismo. Trata-se de um game em que os efeitos sonoros foram inseridos para criar no aluno a sensação de ser um vendedor da empresa, onde suas ações pautam seu sucesso. Ou seja, os efeitos sonoros atuaram como impulsionadores do aprendizado.
Para saber mais sobre os e-Learnings apresentados, entre em contato conosco: contato@sou.com.br
Para finalizar, é importante citar que a escolha da melhor ferramenta de áudio para um e-Learning é feita por um designer instrucional, que fará uma análise criteriosa do conteúdo e do público-alvo, considerando também as premissas do cliente. É ele quem deverá propor em que momento é mais efetivo haver locução, que parte do conteúdo deve ser acompanhada por um efeito sonoro, onde é melhor ter apenas palavras-chaves e imagens na tela, a fim de propiciar ao aluno uma aprendizagem mais prazerosa, com um resultado efetivo. Assim, o uso dos recursos de áudio nos seus treinamentos será sempre o mocinho, e não o vilão.
Artigo escrito por:
Denise Saú
Designer Educacional @ SOU